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O que é Flipped Classroom?

 

 

A definição mais ampla para Flipepd Classroom – ou sala de aula invertida - é aquela que enfatiza o uso das tecnologias para o aprimoramento do aprendizado, de modo que o professor possa utilizar melhor o seu tempo em sala de aula em atividades interativas com seus alunos ao invés de gastá-lo apenas apresentando conteúdo em aulas expositivas tradicionais. (Barseghian, 2011)

 

Em uma visão mais prática, pode-se defini-la como um modelo de ensino onde a apresentação do conteúdo da disciplina é realizada através de vídeos gravados pelo professor e que ficam disponíveis aos alunos, normalmente utilizando-se de ferramentas da Internet para seu armazenamento. Desta forma, as atividades complementares propostas pelo professor, ou seja, as “tarefas”, são realizadas em sala de aula, em equipes, com o suporte deste. Assim, os estudantes têm a oportunidade de solucionar suas dúvidas no momento em que elas ocorrem, com a ajuda de seus pares e do professor, o que promove um ambiente colaborativo de aprendizagem. (TechSmith, 2013).

 

Na visão de BERGMANN, OVERMYER e WILIE (2012), a Flipped Classroom vai além da simples gravação em vídeo de suas aulas por parte do professor. Estes autores afirmam que, ao contrário do que se pode imaginar, este modelo pode: aprimorar a interação entre os estudantes e o professor; promover um ambiente de aprendizagem onde os estudantes passam a ser responsáveis pelo seu próprio aprendizado; promover a aprendizagem construtivista; oferecer uma maneira de o conteúdo ficar permanentemente disponibilizado ao estudante, de modo que possa assisti-lo quantas vezes quiser. Ainda, segundo os autores, este método não pode ser encarado como uma simples substituição do professor por vídeos, muito menos como um modelo que promove o isolamento dos estudantes, passando estes a gastar horas e horas na frente do computador, pois, na verdade, isto será apenas uma parte do processo.

 

De acordo com BENNET et. al. (2012), o processo de implantação e uso deste modelo pode ser algo não tão fácil de realizar, uma vez que não existem modelos definidos para tal. Porém, em sua experiência, a efetiva utilização do modelo deve possuir várias das seguintes características: as discussões são levadas pelos alunos para a sala de aula; essas discussões geralmente atingem ordens superiores de pensamento crítico; o trabalho colaborativo ocorre entre os alunos em função da ocorrência de várias discussões simultâneas; estudantes desafiam uns aos outros durante a aula, em função do conhecimento adquirido; líderes e estudantes de tutoria surgem espontaneamente, em função das atividades colaborativas; os estudantes têm a posse do material; os estudantes fazem perguntas exploratórias e tem a liberdade de ir além do currículo básico da disciplina; os estudantes estão ativamente engajados na resolução de problemas e pensamento crítico que vai além do âmbito tradicional do curso; os estudantes transformam-se de ouvintes passivos para os alunos ativos no processo de ensino-aprendizagem.

 

História da Flipped Classroom

A discussão e a utilização deste modelo não são recentes. Os primeiros estudos foram realizados por Eric Mazur, na Universidade de Harvard, nos anos 90. Ele afirmou, à época que “...o computador em breve será parte integral da educação”. (Mazur, 1991).
Outro trabalho que demonstrou resultados positivos na utilização do método foi publicado em 2000 por Lage, Platt e Treglia (2000). Como professores da Universidade de Miami, nos Estados Unidos, aplicaram o método, chamado de “Inverted Classroom” em disciplinas de introdução à economia.

 

Em 2004 Salman Khan começou a gravar alguns vídeos a pedido de sua prima, que fez a ele esta solicitação sob o pretexto de poder ter acesso a determinados conteúdos sempre que precisasse. Ele acatou seu pedido e continuou produzindo materiais. Atualmente, a Khan Academy (www.khanacademy.org) é uma entidade sem fins lucrativos que disponibiliza mais de quatro mil vídeo-aulas para jovens e adultos dos mais variados assuntos, como por exemplo, matemática, biologia, química, física, finanças e história (em inglês).

 

Em Strayer (2007) o autor relata a experiência da utilização do método em cursos de nível superior. O experimento ocorreu na Universidade Midwestern Christian Liberal Arts, tendo os dados sendo coletados em 2004. Com este estudo, o autor demonstrou em sua tese de doutorado que “os estudantes [...] sentiram uma grande inovação e espírito de cooperação se comparadas às aulas tradicionais”. Porém, este mesmo estudo concluiu que é necessário que o professor organize e estruture muito bem seu trabalho, pois muitos alunos relataram que “...sentiram-se menos satisfeitos [...] sentindo-se muitas vezes ‘perdidos’ se comparado [o método] às aulas tradicionais”.

 

De acordo com Tucker (2012), em 2008 dois professores de química da Woodland Park High School, Aaron Sams e Jonathan Bergmann, desenvolveram um projeto que visava atender a aqueles alunos que por algum motivo tivessem faltado às suas aulas. Eles passaram a produzir vídeos do conteúdo das aulas e postar este material, de modo que os ausentes pudessem acompanhar a matéria. Para sua surpresa, não somente os ausentes, mas também os outros alunos passaram a acessar o material publicado, utilizando-o como reforço de estudo. Perceberam neste momento que haveria aí uma grande oportunidade para remodelar e propor alterações no processo ensino-aprendizagem, o que batizaram de Flipped Classroom. Desde então, vêm aumentando os esforços para a disseminação deste conceito com grande reconhecimento no meio da educação nos Estados Unidos, tendo inclusive criado uma organização para tal objetivo, a Flipped Learning Network, que pode ser visitada em http://www.flippedlearning.org.
 

(Artigo completo: clique aqui)

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